terça-feira, 28 de maio de 2013

Resenha #9 - A Hora da Estrela

Clarice Lispector é, de longe, a escritora mais complexa que eu já tive o prazer de ler. E ser complexa é completamente diferente de ser fastidioso; embora nada fácil de ser lida, e mais difícil ainda de ser compreendida, a literatura de Clarice Lispector é muito intimista e reclusa, abusando, na maior parte de seus escritos, dos fluxos de consciência, e acredito ser por isso alguns não conseguirem prosseguir nos contos de Lispector.

Porém, sem dúvida alguma, o penúltimo livro de Clarice é o que mais me chama atenção - pelo menos dos que eu li até agora. A Hora da Estrela conta a história de Macabéa, uma datilógrafa alagoana que migra para o Rio de Janeiro. A moça, pura e que vive em seu próprio mundo, tem uma vida sem graça, sem cor. Até que decide consultar uma cartomante e consegue ver, finalmente, sua vida sobre uma ótica das novas vicissitudes e conseguir desfrutar do brilho irradiante de sua estrela.

A história é realmente simples, até mesmo o narrador da história admite isso. Mas o que mais nos encanta, em se tratando do livro, é a forma de que uma história tão simples e comum, pode ser transfigurada em uma narrativa tão bem estruturada e entusiástica. Outra coisa que é fantástica no livro é que a história relatada não é apenas de Macabéa, mas também, é traduzida a vida do narrador, Rodrigo S. M., e a história da própria palavra em si. 

Talvez, A Hora da Estrela seja o único livro de Clarice Lispector com cunho social, mas isso não deixou que a essência de sua personagem pudesse ser alcançada; Clarice Lispector consegue fazer com que nos sintamos assim como Macabéa se sentia, e isso é um sentimento terrível. Tem-se, pois,

a verdadeira faceta de Clarice Lispector, aquela cativante, delirante e devoradora escritora que não consegue te fazer largar o livro até que você consiga se indagar perfeitamente: qual é o peso da luz?

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